SÃO PAULO - Mais uma vez, um fortíssimo incêndio atinge uma favela na capital paulista, desta vez no bairro do Brás, nesta sexta-feira (10), uma região tida como de forte valorização imobiliária. Longe de ser o primeiro caso, vários setores da sociedade pedem pela abertura de uma CPI para investigar os incêndios nas favelas - cujas regiões, cedo ou tarde, se tornam grandes empreendimentos imobiliários. 

O incêndio começou por volta das 14h00 (horário de Brasília) e foi se alastrando até tomar boa parte da favela, derrubando uma grande quantidade de barracos - há o registro de ao menos uma fatalidade. Ainda não se sabe qual foi o motivo do início do incêndio. Foi o terceiro incêndio em favelas em 10 dias. 

Outras favelas pegaram fogo: Penha, Moinho, Paraisopólis, Mooca/Vila Prudente, Vila Leopoldina e Heliopólis estão entre as atingidas - foram mais de 90 favelas atingidas nos últimos anos. São Paulo é conhecida por ser uma cidade onde faltam terrenos "centrais" para que a indústria imobiliária se expanda. O Ministério Público já investiga a relação entre os incêndios e se são criminosos ou não. 

Localizada entre o centro e o início da Zona Leste, o Brás é um bairro que vem passando por valorização - e um incêndio acelera esse processo, seja por abrir novas fronteiras para imóveis como para retirar moradores de origem mais humilde. Quando há um incêndio destes, os desabrigados são impedidos de retornar ao local e o terreno normalmente é vendido às incorporadoras depois de ser consumido pelas chamas. 

O Brás chama a atenção por ser próxima da Luz e está localizada próxima de bairros como Luz e Belenzinho e conta com uma boa oferta de transporte público - inclusive metrô. De acordo com o site Zap Imóveis, o bairro do Brás já apresentou valorização de mais de 100% desde 2008 e ainda apresenta uma trajetória positiva, principalmente depois da inauguração do Templo de Salomão.