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Publicado na Segunda, 11 de agosto de 2014, 9h14
Será que encalhou? Construtora oferece desconto de até R$ 560 mil em imóveis novos

SÃO PAULO - Em tempos de desaceleração no mercado imobiliário, não é de se espantar que algumas construtoras estejam oferecendo descontos para atrair clientes em certos empreendimentos que estão com vendas decepcionantes. Este parece ser o caso da PDG Realty (PDGR3), que realizará, neste final de semana, uma grande oferta de imóveis com descontos que chegam até R$ 560 mil

A promoção, chamada de "Na Ponta do Lápis", reúne tanto apartamentos residenciais quanto apartamentos comerciais, e será realizada em 13 estados brasileiros. Em São Paulo e Rio de Janeiro, onde as discussões sobre uma possível bolha imobiliária são mais fortes, os descontos são de até R$ 560 mil, no caso de São Paulo, e até R$ 500 mil, no Rio. 

Não são esses os únicos estados com altos descontos: a companhia também lista descontos de até R$ 500 mil na Bahia, Goiás e Pernambuco. Estes últimos dois estados ainda não possuem uma data de realização da promoção, e podem ainda não ter tido os descontos aprovados pela direção da PDG. 

Há, claro, um componente de marketing em uma operação destas, já que apenas a ínfima minoria dos imóveis devem ter o desconto máximo na venda, algo a ser descoberto apenas no evento realizado pela empresa, entre os dias 16 e 17. Contudo, ela não deixa de mostrar alguma coisa sobre o atual estado do mercado imobiliário, sobretudo para imóveis de preços mais elevados - já que os "econômicos" tem mostrado maior resiliência.

A própria PDG não vem tendo resultados financeiros muito positivos recentemente, apresentando prejuízo de R$ 135,3 milhões no último trimestre. Nos últimos tempos, diversas construtoras mostraram-se interessadas em apresentar "saldões de imóveis" nos últimos anos - o que pouco se via quando o mercado estava eufórico -, e a PDG já realizou outras operações no estilo. 

São Paulo: terra da garoa e da bolha imobiliária
Chama a atenção a disparidade do desconto dos grandes centros do sudeste e o resto. São eles onde existem os maiores descontos e a maior quantidade de imóveis disponíveis. No total, são 27 imóveis disponíveis no estado do Rio e 82 no estado de São Paulo. Apenas a cidade de São Paulo supera todos os outros estados somados, excluindo o Rio de Janeiro. A quantidade de imóveis ofertados é muito maior do que o número de lançamentos da empresa nos últimos três anos, de acordo com o balanço patrimonial da PDG. 

Há dois fatores que devem ser levados em conta para entender a quantidade de imóveis ofertados nestes estados. Primeiro, essa é a área do foco da construtora, que lançou apenas dois imóveis fora de São Paulo e Rio de Janeiro nos últimos dois anos, um em Petrolina, em Pernambuco, e outro em Salvador. Esse é um claro reposicionamento que muitas das construtoras passaram também, após perceberem que estavam focando em territórios amplos demais.

Nos dois anos anteriores, anos em que o mercado estava mais forte e a PDG lançava mais unidades, havia uma forte presença no sudeste, mas a energia despendida no norte e nordeste também era alta - sobretudo quando a empresa lançava mais de 100 empreendimentos por ano. Em 2011, 70% dos lançamentos foram feitos no sudeste, com 22% no norte, 6% no nordeste, 1% no sul e 1% no centro-oeste. Talvez percebendo o período complicado pela frente, a companhia pisou no freio e começou a diminuir os lançamentos já em 2012, mas manteve 82,9% dos empreendimentos no sudeste, 4,4% no norte e 12,7% no nordeste. 

A consequência do vibrante mercado imobiliário paulista e carioca na década passada para muitos parece ter sido uma bolha imobiliária na região. Ao menos é o que pensa Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e candidato a senador por São Paulo, e o economista vencedor do prêmio nobel Robert Shiller.

Confira a lista de estados que participam da queima de estoque da PDG Realty: 

Estado (Cidades participantes) Quantidade de Imóveis Descontos de até
Amazonas (Manaus) 12 R$ 200 mil 
Bahia (Salvador) 10 R$ 500 mil
Distrito Federal (Brasília e Valparaíso) 2 (Brasília), 1 (Valparaíso) R$ 126 mil
Espírito Santo (Cariacica e Serra) 1 (Cariacica), 1 (Serra) R$ 40 mil
Goiás (Goiânia) 2 R$ 500 mil
Mato Grosso do Sul (Campo Grande) R$ 60 mil 
Minas Gerais (Juiz de Fora) R$ 95 mil 
Paraná (Curitiba) 11   R$ 180 mil 
Pará (Belém) R$ 200 mil 
Pernambuco (Petrolina) 1 (Terreno)  R$ 500 mil 
Rio Grande do Norte (Natal) 3 (Natal) R$ 140 mil 
Rio de Janeiro (Rio de Janeiro e Niterói) 20 (Rio de Janeiro), 7 (Niterói)  R$ 500 mil
São Paulo (São Paulo, Grande São Paulo e Santos) 62 (São Paulo), 15 (Grande São Paulo), 5 (Santos) R$ 560 mil
Fonte: site da construtora