Gestora independente focada em ativos imobiliárias, fundada em meados de 2012, a Mérito estaria distribuindo rendimentos em desacordo com o resultado financeiro da sua carteira, segundo comunicado da CVM. Entre os problemas contábeis, foi identificado que o valor auferido a título de taxa de ingresso é reconhecido pela gestora como receita do Fundo, “viabilizando o pagamento de rendimentos em patamar elevado, incompatível com os investimentos realizados, fato que gera uma crescente necessidade de atração de novos cotistas” – daí a comparação com uma pirâmide financeira.
A CVM também listou como irregularidades a recente emissão de R$225 milhões, com uma taxa de ingresso de 20%, “valor correspondente ao dobro da taxa de ingresso cobrada de novos cotistas na emissão anterior”; e “indícios de gestão fraudulenta da carteira do fundo, inclusive com a realização de investimentos em desconformidade com o disposto no art. 45, da Instrução CVM 472/2008”.
Até mesmo a avaliação dos ativos possui irregularidades, de acordo com a nota. O fundo tem alguns dos ativos avaliados pela consultoria Colliers International, que já realizou laudos maora 1,5 bilhão de metros quadrados em 3,350 propriedades.
A negociação das cotas do fundo está suspensa na B3 de imediato. Caso não seja cumprida a suspensão, a multa diária será de R$ 5 mil.
Se as irregularidades forem sanadas, o caso será submetido a colegiado para definição do futuro do FII –neste caso, é possível a suspensão da revogação. Se não houver correção da atuação considerada fraudulenta, o mais provável é que o FII seja liquidado.
Segundo a Suno Research, que publicou um artigo sobre o tema, é provável que o rendimento mensal aos cotistas seja preservado no curto prazo. "Porém, ao longo do semestre, é possível que tenhamos algum impacto impossível mensurar neste momento, dado que as receitas de taxas de ingresso não existirão neste período inicial", lembra o texto, assinado pelo professor Marcos Baroni.
O InfoMoney tentou contato com o gestor do fundo, mas ainda não obteve resposta.